Lula sanciona Lei de Reciprocidade contra sanções dos EUA

Nova lei permite retaliações a tarifas como as impostas pelos EUA O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta sexta-feira (11), a Lei de Reciprocidade, que autoriza o Brasil a retaliar países que adotarem sanções comerciais unilaterais contra o país. A medida foi aprovada pelo Congresso em resposta às recentes tarifas anunciadas pelos Estados Unidos. A nova Lei de Reciprocidade entra em vigor sem vetos e com apoio tanto da base do governo quanto da oposição. Medidas previstas na nova lei A legislação dá respaldo jurídico para que o governo brasileiro: Aplique tarifas adicionais sobre produtos importados; Suspenda concessões comerciais; Deixe de cumprir obrigações relacionadas à propriedade intelectual previstas em acordos internacionais. Segundo o texto, as medidas de retaliação deverão ser proporcionais ao impacto econômico causado por ações unilaterais de outros países ou blocos econômicos. Consultas públicas e exceções A implementação das medidas dependerá, em regra, de consultas públicas e de avaliações técnicas. O objetivo é permitir que setores afetados apresentem suas opiniões antes que o governo tome uma decisão definitiva. Entretanto, a lei permite que o Poder Executivo adote contramedidas provisórias de forma imediata em casos excepcionais, sem necessidade de consulta prévia. Contexto: tarifas dos EUA e reação brasileira A sanção ocorre em meio ao chamado “tarifaço de Trump”, que elevou as tarifas de importação dos EUA sobre produtos de mais de 180 países. O Brasil foi incluído, mas com a menor tarifa geral: 10% sobre todos os produtos. Itens como aço e alumínio, no entanto, já enfrentam taxas próprias de 25%. Até agora, o governo brasileiro não anunciou nenhuma medida concreta de retaliação contra os EUA. Lula afirmou que ainda prefere insistir no diálogo, conduzido pelos ministérios das Relações Exteriores e da Indústria, Comércio e Serviços. Brasil antes da nova lei Antes da aprovação da Lei de Reciprocidade, o Brasil seguia normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que impedem a aplicação de tarifas específicas contra países. Todas as medidas comerciais deveriam ser iguais para os membros da OMC, sem favorecimentos ou punições individuais. Com a nova lei, o Brasil passa a ter instrumentos legais para reagir de forma autônoma e proporcional a práticas hostis, como barreiras comerciais unilaterais ou sanções econômicas. Acordo político no Congresso A votação da lei no Congresso uniu situação e oposição. Na semana passada, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pediu que os parlamentares colocassem de lado as diferenças políticas em defesa do interesse nacional. O apelo surtiu efeito e o projeto foi aprovado com ampla maioria. A medida representa um marco na política comercial brasileira, abrindo espaço para respostas mais firmes em um cenário internacional cada vez mais protecionista.
EUA e Irã retomam negociações nucleares em meio a ameaças e tensão no Oriente Médio

Reunião em Omã marca tentativa de diálogo após anos de impasse nuclear As negociações entre EUA e Irã foram retomadas neste sábado (12) em Omã, após anos de impasse e crescente tensão na região. As conversas indiretas ocorrem em um cenário geopolítico delicado, marcado por ameaças mútuas, sanções severas e receios de uma escalada militar envolvendo potências regionais e globais. A delegação iraniana é liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, enquanto o enviado de Donald Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, representa os Estados Unidos. A mediação está sendo conduzida pelo ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, que atua como intermediário nas trocas entre as delegações, alocadas em salas separadas. Diplomacia sob desconfiança As conversas acontecem em meio à desconfiança mútua. Teerã vê com ceticismo a disposição de Washington para chegar a um acordo real, especialmente após a saída dos EUA do pacto nuclear de 2015 durante o primeiro mandato de Trump, em 2018. O presidente americano, por sua vez, afirmou que poderá autorizar um ataque militar caso as negociações fracassem. “Há uma chance de entendimento inicial sobre futuras negociações se a outra parte (EUA) entrar nas negociações com uma posição igual”, afirmou Araghchi à TV iraniana. Segundo ele, a primeira rodada de discussões servirá para avaliar se há vontade política suficiente dos dois lados. Tensão militar e retórica agressiva A volta de Trump à presidência dos EUA trouxe consigo a retomada da política de “pressão máxima” contra o Irã, com a imposição de novas sanções econômicas. O presidente americano também afirmou que, caso seja necessário, “usará força militar” e que “Israel será o líder” de um possível ataque contra o Irã. Em resposta, Teerã alertou os países vizinhos com bases militares americanas sobre as “consequências severas” de qualquer envolvimento em uma ação contra seu território. Além disso, o Irã ameaçou expulsar os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) caso as ameaças continuem. Segundo o Departamento de Estado dos EUA, essa medida seria uma escalada perigosa e um “erro de cálculo”. Núcleo do impasse: programa nuclear O principal ponto de discórdia continua sendo o programa nuclear iraniano. Os Estados Unidos e seus aliados — especialmente Israel — acusam o Irã de estar próximo de desenvolver uma arma nuclear. O país nega a intenção de fabricar armamentos atômicos e afirma que seu programa é estritamente civil e pacífico. Atualmente, o Irã enriquece urânio a 60% de pureza físsil — um patamar técnico próximo ao necessário para armas nucleares, segundo especialistas. Essa evolução preocupa a comunidade internacional, que vê riscos de proliferação e instabilidade ainda maiores no Oriente Médio. O papel do aiatolá e os limites da negociação Segundo autoridades iranianas, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, concedeu “autoridade total” a Araghchi para conduzir as negociações. No entanto, Teerã já deixou claro que não aceitará discutir seu programa de mísseis balísticos ou suas capacidades de defesa nacional, consideradas estratégicas. Ali Shamkhani, conselheiro de Khamenei, declarou que o Irã busca um acordo “real e justo”, mas enfatizou que isso depende da postura americana. O porta-voz da diplomacia iraniana, Esmail Baqai, reforçou que o país está dando “uma verdadeira chance à diplomacia, de boa fé e com total vigilância”. Cenário regional inflamado A retomada das negociações entre EUA e Irã ocorre em um contexto regional tenso. Desde 2023, o Oriente Médio vive uma sucessão de conflitos — da guerra entre Israel e Hamas em Gaza aos ataques de grupos Houthi no Mar Vermelho e à queda do regime sírio de Bashar al-Assad. A influência regional do Irã tem sido enfraquecida, com seus aliados — como o Hezbollah no Líbano e milícias iraquianas — sob pressão ou em reconfiguração. Um eventual fracasso nas negociações pode reacender múltiplos focos de conflito, elevando o risco de um confronto direto entre o Irã e seus adversários. Perspectivas futuras Ainda é incerto se haverá progresso real. Ambas as partes indicaram abertura para continuar o diálogo, mas discordam até mesmo sobre o formato das próximas rodadas: Trump exige encontros presenciais, enquanto o Irã prefere manter as conversas indiretas. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse esperar que as tratativas levem à paz, mas reiterou a posição americana: “Deixamos claro que o Irã nunca terá uma arma nuclear”. A comunidade internacional acompanha com atenção o desfecho dessas negociações, que podem redefinir os rumos da segurança global.
Glauber Braga completa 72h de greve de fome e toma soro

Deputado protesta contra processo de cassação e acusa perseguição política por sua atuação combativa na Câmara O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) completou nesta sexta-feira (11.abr.2025) 72 horas de greve de fome. Ele permanece no Plenário 5 da Câmara dos Deputados, onde montou acampamento desde quarta-feira (9). A ação radical começou após o Conselho de Ética aprovar o parecer pela cassação de seu mandato. Treze deputados votaram a favor do relatório. Outros cinco foram contra. Exames e estado de saúde Segundo sua assessoria, Glauber já perdeu quase dois quilos desde o início da greve. Ele ingeriu apenas meio litro de soro e realizou exames de sangue nesta sexta-feira para monitorar a saúde. Apesar do quadro preocupante, o deputado afirma estar firme em sua decisão. “Greve de fome é minha resposta à perseguição. Estou bem, mas não vou recuar”, declarou. Acusação e defesa Glauber é acusado de quebra de decoro por expulsar um militante do MBL da Câmara, em abril de 2024. O manifestante teria feito ofensas à mãe do deputado, a ex-prefeita Saudade Braga, internada por problemas respiratórios na época. A defesa do parlamentar alega que o processo de cassação tem motivação política. Segundo ele, a punição ocorre por sua postura crítica ao ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e ao orçamento secreto. Atos de apoio e mobilização religiosa Mesmo em greve de fome, Glauber participou de um ato em solidariedade à deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), nesta sexta-feira (11). Ela foi atingida por spray de pimenta durante a marcha dos povos indígenas, na quinta-feira (10), em Brasília. O deputado também recebe hoje uma comitiva da Igreja Católica. Representantes da Comissão Justiça e Paz de Brasília e da CNBB visitarão o plenário em solidariedade. Na noite anterior, foi realizado um ato ecumênico, com apoio de várias religiões, em apoio à resistência do parlamentar.
Bolsonaro é internado no RN após sentir dores da facada de 2018

Ex-presidente procurou hospital em Santa Cruz após dores abdominais durante agenda política no estado O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi internado nesta sexta-feira (11.abr.2025) em Santa Cruz, no Rio Grande do Norte. Ele sentiu dores da facada de 2018 e buscou atendimento hospitalar. Segundo apuração do Poder360, a parada no município não estava prevista na agenda oficial. Bolsonaro está acompanhado de apoiadores. Agenda no Nordeste continua Bolsonaro desembarcou no estado para participar da inauguração do projeto Rota 22, uma iniciativa do PL voltada ao Nordeste. O objetivo é fortalecer pautas da oposição e ampliar a base eleitoral da direita na região. A agenda previa visitas às cidades de Acari, Oiticica e Pau dos Ferros. Um dos temas centrais dos encontros é a defesa da anistia aos presos do 8 de Janeiro. Atentado em 2018 ainda causa sequelas O atentado que mudou a trajetória de Bolsonaro aconteceu em 6 de setembro de 2018. Na época, ele era candidato à presidência pelo PSL e fazia campanha em Juiz de Fora (MG). Durante um ato, enquanto era carregado nos ombros por apoiadores, foi atingido por uma facada na barriga. O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, foi preso em flagrante. Ele afirmou ter cometido o ataque por “motivações religiosas e políticas”. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o caso, e o agressor foi diagnosticado com transtornos mentais. A facada perfurou os intestinos delgado e grosso. Bolsonaro perdeu muito sangue, chegou ao hospital com pressão baixa e passou por uma cirurgia de emergência. A operação durou cerca de duas horas. Ele também precisou usar uma colostomia temporária para evitar infecções. Histórico de internações Desde o atentado, Bolsonaro foi submetido a oito cirurgias, sendo cinco diretamente relacionadas ao ferimento no abdômen. Em 2021, foi internado após apresentar soluços persistentes. Na ocasião, os médicos diagnosticaram uma suboclusão intestinal, ou seja, uma obstrução parcial do intestino. Esse tipo de complicação é comum em pessoas com histórico de múltiplas cirurgias na região abdominal. As dores da facada de 2018 continuam impactando sua saúde até hoje.
China eleva tarifas sobre produtos dos EUA a 125%

Líder chinês critica guerra comercial e anuncia aumento das tarifas sobre produtos americanos Durante encontro com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, em Pequim, o presidente Xi Jinping reagiu diretamente à crise. Ele declarou que “não há vencedores em uma guerra comercial” e que ir contra o mundo só levará ao isolamento. Xi afirmou que a China não teme nenhuma “supressão irracional”. Ele destacou que o desenvolvimento do país se baseou em autossuficiência e trabalho duro — “nunca em esmolas de terceiros”, disse. Críticas aos Estados Unidos O Ministério do Comércio chinês também se manifestou. Segundo a nota oficial, os EUA transformaram as tarifas em um “jogo de números sem sentido econômico”. O órgão classificou as medidas americanas como “intimidação e coerção”. O mesmo ministério anunciou que entrou com um processo contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC). O motivo seria a violação das regras internacionais por meio de ações unilaterais. China promete resposta firme Pequim deixou claro que não pretende subir as tarifas acima de 125%. No entanto, alertou que responderá a qualquer ataque comercial com novas contramedidas. “Se os EUA insistirem, a China lutará até o fim”, afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio. Liderança e autossuficiência Xi Jinping reforçou que a China seguirá confiante, mesmo diante de pressões externas. Ele garantiu que o país continuará focado em resolver seus próprios desafios, sem depender de ajuda externa. “Independentemente de como o ambiente externo mude, continuaremos firmes”, declarou. Apelo por cooperação internacional Durante o encontro, Xi também fez um apelo à união dos países. Ele defendeu que a solidariedade global é essencial para garantir a paz e a estabilidade. O presidente chinês elogiou a União Europeia e pediu mais cooperação entre o Ocidente e a China. Segundo ele, esse é o caminho para enfrentar riscos globais crescentes. Espanha apoia diálogo com a China O premiê espanhol, Pedro Sánchez, concordou com o discurso de Xi. Ele afirmou que “não haverá vencedores em uma guerra comercial” e disse que a Espanha e a União Europeia desejam fortalecer os laços com a China. Sánchez também defendeu a preservação da ordem comercial internacional e o papel do multilateralismo.
STF usa voos da FAB e lista de passageiros é sigilosa
Investigação da Folha revela 154 voos realizados com aeronaves da FAB por ministros do STF Desde 2023, o governo Lula (PT) passou a disponibilizar aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para viagens de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi revelada pela Folha de S.Paulo com base na Lei de Acesso à Informação (LAI). Antes dessa mudança, apenas o presidente do STF tinha um avião oficial à disposição. Os demais ministros geralmente pegavam carona em voos solicitados por outras autoridades. Lista de passageiros é mantida sob sigilo Segundo a apuração, os nomes dos passageiros desses voos não são divulgados. Parte das listas é mantida sob sigilo por cinco anos, com a justificativa de segurança. O sigilo foi reforçado por decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), em abril de 2024. A FAB classifica essas viagens apenas como “à disposição” do Ministério da Defesa, sem indicar os passageiros ou o órgão solicitante. Mais de 150 viagens em dois anos Com base nos dados disponíveis, a Folha identificou ao menos 154 viagens realizadas por ministros do STF entre o início de 2023 e o fim de fevereiro de 2025. A maioria dos trajetos foi entre São Paulo e Brasília — foram 145 voos nesse percurso. De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, Alexandre de Moraes é um dos passageiros frequentes. O ministro reside em São Paulo e também leciona na Faculdade de Direito da USP. FAB usada em viagem antes de jogo do Corinthians No mês passado, Moraes utilizou uma aeronave da FAB na véspera do jogo que garantiu o título do Corinthians no Campeonato Paulista, que ele acompanhou no estádio. A agenda oficial do ministro não foi divulgada. Barroso lidera uso de aeronaves em 2024 Luís Roberto Barroso, presidente do STF desde setembro de 2023, realizou 215 viagens com aviões da FAB nesse período. Somente em 2024, foram 143 deslocamentos. Outros ministros também aparecem nos registros, mas com menos frequência. Em 2024, foram identificados 10 voos de Cármen Lúcia, 3 de Cristiano Zanin, 1 de Moraes e 1 de Gilmar Mendes. Em alguns casos, as esposas dos ministros também embarcaram nos voos. Uso permitido por brechas legais O uso dos aviões da FAB é amparado por brechas no decreto de 2020, que regulamenta esse tipo de transporte. A norma autoriza o Ministério da Defesa a liberar voos para “outras autoridades”, além das listadas diretamente, como os presidentes do STF, da Câmara e do Senado. Essa brecha tem sido usada para justificar o transporte dos demais ministros do Supremo. Pedidos agora são feitos pelo próprio STF Até março de 2024, os voos destinados ao STF eram solicitados pelo Ministério da Justiça. Desde abril, o próprio Supremo passou a requisitar diretamente as aeronaves ao governo federal. Nos registros da FAB, essas viagens continuam sendo classificadas de forma genérica, como “à disposição do Ministério da Defesa”. Segurança como justificativa Em nota, o STF afirmou que todos os pedidos seguem “rigorosamente” a legislação vigente. O tribunal alega que os voos são solicitados por motivos de segurança, com base em análises técnicas. O Ministério da Justiça reforçou que, após os ataques de 8 de janeiro de 2023, os ministros passaram a sofrer “gravíssimas ameaças” e, por isso, foram orientados a usar aeronaves da FAB em missões institucionais.
Bolsonaro se reúne com Motta para destravar pauta da anistia

Encontro buscou pressionar presidente da Câmara a pautar projeto sobre presos do 8 de janeiro O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se reuniu na tarde desta quarta-feira (9) com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tratar do projeto de lei que propõe anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. O encontro, realizado em Brasília, foi confirmado pela assessoria de Motta e teve como objetivo sensibilizar o parlamentar a pautar o projeto em plenário — caso o Partido Liberal (PL) alcance as 257 assinaturas necessárias para o regime de urgência. Até o momento, o PL afirma ter reunido 246 apoios. Apesar da pressão, aliados de ambos disseram que Hugo Motta ainda não se mostrou convencido a levar o tema diretamente ao plenário. Ele teria sugerido como alternativa a criação de uma comissão especial para aprofundar a discussão. Além disso, o presidente da Câmara teria sinalizado que pretende construir uma solução mais ampla. Para isso, quer ouvir o Senado, o Executivo e até o Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de formular um texto viável e que tenha apoio da maioria. Antes da reunião presencial, Bolsonaro já havia ligado para Motta a fim de entender os motivos do impasse. Durante entrevista a um podcast, na noite de terça-feira (8), o ex-presidente disse acreditar que, com o número de assinaturas, o projeto será votado. “Se a gente conseguir assinatura, ele vai botar em votação, tenho certeza disso”, afirmou. Irritação na oposição A postura cautelosa de Hugo Motta tem irritado a oposição. Nos últimos dias, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) — líder da legenda na Câmara — afirmou que a anistia é a principal pauta do partido. Mesmo assim, Motta não levou o tema à reunião de líderes e resistiu a colocar o projeto na agenda da Casa. Em declarações públicas, Motta tem afirmado que o Brasil “não pode se dar ao luxo de agravar a crise institucional” e defendeu que a Câmara deve focar em pautas como a isenção do Imposto de Renda e a reforma do sistema eleitoral. A fala, somada a pesquisas que mostram rejeição da população à ideia de anistia, foi vista como sinal de distanciamento do projeto. A frustração aumentou após o recuo de Sóstenes, que adiou a divulgação da lista de deputados que apoiam o pedido de urgência. Ele alegou que a decisão foi estratégica, atendendo a um pedido do “eterno presidente” Bolsonaro. Atualmente, faltam 11 assinaturas para atingir o mínimo necessário. A cobrança pública de figuras próximas a Bolsonaro, como o pastor Silas Malafaia, também intensificou a pressão. Para aliados, a resistência de Motta em pautar a proposta no momento crítico da oposição representa um verdadeiro “gol contra”.
Prefeito Rodrigo Manga é alvo de operação da PF por suspeita de desvio na saúde

Ação investiga fraudes em contratos de saúde e lavagem de dinheiro em Sorocaba O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), foi alvo de uma operação da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (10). A ação investiga desvios de recursos públicos da saúde e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, agentes cumpriram mandado na casa do prefeito de Sorocaba e em outros endereços. A operação ocorreu também na sede da prefeitura, na Secretaria de Saúde, na residência de um ex-secretário e no diretório municipal do Republicanos. Fraudes e lavagem de dinheiro A investigação começou em 2022. O foco é um contrato entre a prefeitura e uma Organização Social (OS) que administrava serviços de saúde na cidade. A PF identificou indícios de fraudes, além de atos de lavagem de dinheiro com depósitos em espécie, boletos pagos e transações imobiliárias. Mais de 100 policiais federais atuam na operação, chamada “Copia e Cola”. Ao todo, são 28 mandados de busca e apreensão em 13 cidades paulistas e um na Bahia. Bens apreendidos Até as 9h, a PF já havia encontrado dinheiro em cofres e caixas. O valor total ainda não foi contabilizado. Um carro de luxo da marca Porsche, avaliado em R$ 700 mil, também foi apreendido. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de até R$ 20 milhões em bens e proibiu a OS investigada de firmar novos contratos com o poder público. Alvo da operação e pré-candidato Na semana passada, Manga declarou intenção de disputar a Presidência em 2026, caso o governador Tarcísio de Freitas tente a reeleição em São Paulo. Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, peculato, contratação ilegal e fraude em licitação.
Cassação avança e Glauber braga inicia greve de fome

Deputado do PSOL é acusado de agressão A cassação de Glauber Braga deu um passo importante nesta quarta-feira (9). O Conselho de Ética da Câmara aprovou, por 13 votos a 5, o relatório que recomenda a perda do mandato do deputado do PSOL do Rio de Janeiro. O caso segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se o recurso de Glauber for rejeitado, o processo será levado ao plenário. Para que a cassação seja confirmada, são necessários 257 votos favoráveis. Acusação de agressão no Congresso A acusação se refere a um episódio ocorrido em 2024. Glauber teria empurrado, chutado e retirado um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) do Congresso, durante um tumulto. Para o relator, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), houve abuso das prerrogativas parlamentares. Segundo ele, Glauber extrapolou os limites aceitáveis do cargo. Glauber protesta com greve de fome Durante a sessão, Glauber Braga reagiu com um protesto radical. Ele anunciou que entraria em greve de fome até o encerramento de todo o processo na Câmara. O deputado afirmou que permanecerá acampado na sala do conselho. “Estou em jejum e fico aqui até o fim dessa história. Vou até o limite”, declarou Glauber. Sessão tensa e críticas à condução A votação foi marcada por tensão. Deputados da esquerda acusaram o presidente do conselho, Leur Lomanto Júnior (União-BA), de encurtar o debate. Segundo eles, a votação começou antes que todos os inscritos pudessem se manifestar. Ao longo da sessão, parlamentares do PSOL e movimentos sociais gritaram “Glauber fica”. Eles também esperavam que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), interrompesse a reunião, abrindo a Ordem do Dia no plenário. Isso não aconteceu. Motta só abriu a pauta às 19h, mais tarde que o habitual. A decisão foi vista como uma manobra para permitir a cassação de Glauber Braga ainda nesta quarta. “É lamentável. A sessão do plenário foi adiada para garantir essa votação. Foi tudo acordado com o presidente da Casa”, disse a líder do PSOL, Talíria Petrone (RJ).
Trump aumenta tarifas sobre a China para 125%

Medida eleva tensão comercial e inclui pausa temporária em tarifas recíprocas de até 10% O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas medidas comerciais nesta quarta-feira (9). Em sua rede social, ele declarou que irá aumentar as tarifas sobre a China para 125%. Ao mesmo tempo, impôs uma pausa de 90 dias nas chamadas tarifas recíprocas, limitando-as a 10% durante esse período. As novas ações entraram em vigor imediatamente. “Autorizei uma PAUSA de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%”, escreveu o republicano. Segundo Trump, a intenção é forçar a China a voltar à mesa de negociações. Tensão com Pequim aumenta Ao justificar o aumento tarifário, Trump acusou Pequim de desrespeitar os mercados internacionais. “A China precisa entender que não é mais aceitável explorar os EUA ou outros países”, afirmou. O anúncio abrange 57 países que seriam taxados acima de 10%. Tarifas de até 10%, como as aplicadas ao Brasil, já estavam em vigor desde sábado (5). As tarifas de 104% sobre a China também haviam sido iniciadas nas primeiras horas desta quarta. Agora, com o novo ajuste, Trump aumenta tarifas sobre a China para 125%, aprofundando a disputa entre as duas maiores economias do mundo. Resposta da China Pequim reagiu rapidamente. O governo chinês elevou as tarifas sobre produtos americanos em 84%. Além disso, impôs sanções a 18 empresas dos EUA, principalmente do setor de defesa. Segundo o Ministério das Finanças da China, as ações de Washington ferem gravemente os princípios do comércio internacional. Em nota, o governo chinês classificou as tarifas como “um erro em cima de outro”, que ameaça a estabilidade do sistema multilateral. Desde o início das tensões comerciais, cerca de 60 empresas americanas já foram alvos de sanções chinesas.