Novas tarifas elevam tensão comercial e pressionam o yuan
As tarifas dos EUA contra a China impactaram os mercados asiáticos nesta quinta-feira (3). O yuan atingiu seu nível mais baixo em sete semanas, enquanto as bolsas de valores abriram em forte queda. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas taxas sobre importações chinesas e de outros países, ampliando a disputa comercial.
Apesar das expectativas do mercado, as medidas foram mais agressivas do que o previsto. O índice CSI 300, que reúne ações das bolsas de Xangai e Shenzhen, caiu 0,5% na abertura. Em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 1,7%. O yuan registrou queda de 0,5%, atingindo US$ 7,30, seu menor valor desde 13 de fevereiro.
Tarifas mais duras e impacto global
Trump anunciou uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações para os EUA, além de impostos elevados para produtos específicos. As importações chinesas foram atingidas com tarifa total de 54%, somando-se aos 20% anteriores e novos 34% impostos pelo governo americano.
Outros países da cadeia de suprimentos da China também foram afetados. O Vietnã, Camboja e Laos sofreram tarifas entre 46% e 49%. Além disso, Trump assinou uma ordem para fechar uma brecha que permitia a entrada de pacotes de baixo valor isentos de impostos da China e Hong Kong. A medida entrará em vigor em 2 de maio.
“O grande choque veio com a tarifa de mais de 50% sobre a China e 46% sobre o Vietnã, afetando US$ 600 bilhões em bens manufaturados para os EUA”, afirmou George Saravelos, chefe de pesquisa de câmbio do Deutsche Bank.
Mercados reagem com quedas
Os mercados asiáticos sentiram o impacto das novas tarifas. O índice Hang Seng caiu 1,69% durante as negociações. Já Xangai recuou 0,24%, enquanto Seul perdeu 0,76%. Em Tóquio, o pregão encerrou com forte queda de 2,77%, e Shenzhen despencou 1,40%.
O yuan perdeu grande parte de seus ganhos de 2024 no último mês, apesar dos esforços do Banco Popular da China (PBOC) para estabilizá-lo. “A questão agora é se o PBOC seguirá intervindo para segurar o câmbio”, afirmou Rodrigo Catril, estrategista sênior do National Australia Bank.
Escalada da guerra comercial
A tensão entre EUA e China cresce desde fevereiro, quando Trump impôs uma tarifa de 10% sobre exportações chinesas. Em março, a taxa subiu para 20%, seguida por uma tarifa de 25% sobre importações de automóveis.
A disputa ameaça a estabilidade da segunda maior economia do mundo. Recentemente, investidores viam a China como alternativa ao mercado americano. Agora, a guerra comercial aumenta as incertezas e pode afetar o crescimento global.