Desaceleração no setor industrial e de serviços surpreende a Fazenda no fechamento de 2024

O Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 registrou um crescimento de 3,4%, ligeiramente abaixo da projeção de 3,5% do Ministério da Fazenda. A principal razão para esse desempenho, segundo a pasta, foi a desaceleração inesperada nos setores de indústria e serviços no quarto trimestre do ano. De acordo com nota divulgada pela Secretaria de Política Econômica (SPE), o PIB cresceu apenas 0,2% no último trimestre de 2024, número inferior à expectativa do mercado e à mediana das estimativas da Fazenda, ambas de 0,4%. A desaceleração foi um fator inesperado, especialmente em relação aos setores de serviços e indústria. A indústria registrou um desempenho aquém do esperado, com menor crescimento na indústria extrativa e de transformação, além de uma retração nos setores de eletricidade, gás, água e esgoto. Nos serviços, o crescimento inferior ao projetado foi puxado por quedas nas atividades de informação e comunicação, além de uma desaceleração nas atividades financeiras. Por outro lado, o setor agropecuário apresentou resultados dentro das projeções da SPE, alinhando-se com as expectativas da Fazenda para o ano. Perspectivas para 2025 O Ministério da Fazenda é mais otimista quanto ao crescimento no início de 2025, com uma expectativa de aceleração no ritmo do PIB. A agropecuária, especialmente, deve se destacar devido à colheita recorde de soja. O setor de serviços também deve ganhar força, impulsionado pelo reajuste do salário mínimo e pela expansão das atividades relacionadas ao agronegócio, como o comércio e o transporte. No entanto, para o segundo trimestre de 2025, espera-se uma redução da contribuição do setor agropecuário no crescimento. Para a segunda metade do ano, o ritmo do crescimento deverá se estabilizar, refletindo a diminuição dos estímulos dos mercados de crédito e trabalho, devido à política monetária mais contracionista. A previsão para o crescimento do PIB em 2025 é de 2,3%, segundo a Secretaria de Política Econômica.
Ataque russo deixa mortos e feridos em duas cidades ucranianas

Um ataque russo durante a noite atingiu a cidade de Dobropillia, no leste da Ucrânia, deixando pelo menos 11 mortos e 30 feridos, incluindo cinco crianças. O Ministério do Interior ucraniano informou que as forças russas utilizaram mísseis balísticos, foguetes e drones, destruindo oito prédios e 30 veículos. Enquanto equipes de resgate tentavam conter as chamas, um novo bombardeio danificou um caminhão de bombeiros. Dobropillia, que antes da guerra tinha cerca de 28 mil habitantes, fica na região de Donetsk, a 22 quilômetros da linha de frente e tem sido alvo frequente de ataques russos. Além disso, um ataque de drones na região de Kharkiv matou três pessoas e feriu sete, segundo autoridades locais. O exército ucraniano relatou que a Rússia lançou dois mísseis balísticos, um míssil de cruzeiro e 145 drones contra o território ucraniano. As forças de defesa afirmaram ter abatido um míssil de cruzeiro e 79 drones, enquanto outros 54 não atingiram seus alvos, possivelmente devido a contramedidas eletrônicas. Trump ameaça novas sanções à Rússia Após cortar a ajuda militar à Ucrânia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor sanções financeiras e tarifas contra a Rússia caso não haja um cessar-fogo. Em publicação na plataforma Truth Social, Trump declarou: “Considerando o fato de que a Rússia está triturando a Ucrânia no campo de batalha, estou considerando seriamente sanções em larga escala financeira e tarifas sobre a Rússia até que um cessar-fogo e acordo final de paz sejam alcançados. Rússia e Ucrânia, vão à mesa de negociações agora, antes que seja tarde demais.” A declaração surge após uma reunião tensa entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, que terminou em bate-boca televisionado e no corte da assistência militar e de inteligência dos EUA à Ucrânia. Enquanto Trump se aproxima de Vladimir Putin e se distancia da Europa, líderes europeus discutem medidas para reduzir a dependência dos EUA, inclusive no setor de defesa nuclear. O presidente francês, Emmanuel Macron, mencionou a possibilidade de estender a proteção nuclear a aliados, o que Moscou classificou como “chantagem nuclear”. Na quinta-feira (6), Trump afirmou que seria positivo se todos os países se livrassem de suas armas nucleares. A Rússia respondeu dizendo que está disposta ao diálogo, mas que as negociações devem incluir os arsenais da Europa.
Guerra comercial entre EUA e China favorece produtores de soja do Brasil

A retomada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China pode agravar a situação dos produtores de soja norte-americanos, que ainda sentem os impactos da guerra tarifária iniciada em 2018, durante o primeiro governo de Donald Trump. A avaliação é da American Soybean Association (ASA), que alerta para os prejuízos do setor diante das novas tarifas impostas pelo presidente. Com as restrições ao comércio, países com produção abundante, como o Brasil, devem se beneficiar ao suprir a demanda chinesa. “Sendo a soja a principal cultura de exportação dos EUA, nossos produtores sofrem impactos significativos com qualquer interrupção no comércio, especialmente em relação à China, nosso maior mercado”, afirmou Caleb Ragland, presidente da ASA. A entidade também destacou que os agricultores estão insatisfeitos com a estratégia tarifária do governo, rejeitando o uso dessas medidas como ferramenta de negociação. O comunicado ressalta ainda a importância do México e do Canadá para o setor, apontando que o México é o segundo maior comprador da soja norte-americana e que o Canadá desempenha papel fundamental no fornecimento de insumos agrícolas aos Estados Unidos. Diante desse cenário, a ASA solicitou que o governo reavalie as tarifas e busque alternativas que não envolvam barreiras comerciais. Desde sua posse no segundo mandato, Trump implementou tarifas de 25% sobre importações mexicanas e canadenses, além de um acréscimo de 10% sobre produtos chineses. Em resposta, o Canadá anunciou tarifas de 25% sobre quase US$ 100 bilhões em produtos norte-americanos, enquanto a China aplicará medidas retaliatórias, incluindo uma taxa adicional de 10% sobre a soja e restrições ao mercado. O México também prometeu adotar sanções, mas ainda não divulgou detalhes. Na última quinta-feira (6), um dia após adiar por um mês a implementação de tarifas sobre carros importados do Canadá e do México, Trump postergou até 2 de abril a entrada em vigor de novas alíquotas para produtos desses países incluídos no Acordo EUA-México-Canadá (USMCA). No entanto, as tarifas impostas à China seguem valendo.
B3 ajusta horário de negociações a partir de segunda-feira (10)

A partir da próxima segunda-feira (10), a bolsa de valores brasileira (B3) passará a operar com um novo horário de funcionamento. A mudança acompanha o início do horário de verão nos Estados Unidos, que fará com que os pregões no país encerrem uma hora mais cedo. Com a alteração, o fechamento do mercado à vista, que atualmente ocorre às 17h55, será antecipado para 17h. O after market para negociações de ações passará a operar entre 17h30 e 18h. Por outro lado, o horário de abertura das negociações permanece inalterado, com início às 10h. O cancelamento de ofertas continuará sendo permitido entre 9h30 e 9h45, antes da abertura do pregão, e entre 17h25 e 17h30, logo após o encerramento do mercado. 4o
Bolsonaro indica 13 testemunhas em defesa contra denúncia de golpe

Na defesa apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira (6), o ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou o depoimento de 13 testemunhas no caso que investiga seu suposto envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. Entre os nomes indicados estão aliados políticos, ex-ministros e militares. Dentre os convocados, destaca-se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos principais aliados de Bolsonaro. A lista também inclui cinco ex-integrantes do governo: Gilson Machado (Turismo), Eduardo Pazuello (Saúde), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Ciro Nogueira (Casa Civil) e o ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Além dos políticos, figuram entre as testemunhas o advogado Amaury Feres Saad, apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos autores da chamada “minuta do golpe”, e o coronel Wagner Oliveira da Silva, representante da Aeronáutica na Comissão de Transparência Eleitoral de 2022. Outros nomes incluem militares de alta patente, como os generais Freire Gomes e Júlio César de Arruda, além do brigadeiro Carlos de Almeida Batista Júnior. O caso tramita no STF e será analisado pela primeira turma da Corte, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A defesa de Bolsonaro, no entanto, solicita que o julgamento ocorra no plenário e chegou a pedir o afastamento de Moraes, Dino e Zanin do processo. A denúncia contra Bolsonaro faz parte de uma ação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que em fevereiro acusou 34 pessoas por participação na tentativa de golpe. O ex-presidente responde por cinco crimes, incluindo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Lula passa mais de 100 dias sem receber sete ministros para reuniões privadas

Sete dos 38 ministros do governo federal não se reúnem individualmente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) há mais de 100 dias, segundo registros da agenda oficial. A falta de encontros com o chefe do Executivo tem gerado insatisfação entre alguns integrantes do primeiro escalão, especialmente em meio à expectativa por uma reforma ministerial. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, por exemplo, nunca participou de uma reunião privada com Lula desde que assumiu o cargo. Seu antecessor, Silvio Almeida, que deixou o ministério em setembro de 2024, teve seis audiências diretas com o presidente. O maior intervalo registrado é do ministro General Amaro (Gabinete de Segurança Institucional), que não tem uma audiência privada com Lula há 322 dias. Por outro lado, alguns ministros mantêm uma frequência alta de encontros com o presidente. O levantamento aponta que Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) estão entre os mais recebidos, refletindo a importância estratégica de suas pastas. Haddad, por exemplo, teve pelo menos 100 reuniões privadas com Lula desde o início do governo. Em 2025, Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação) foi o ministro que mais se reuniu com o presidente, com 23 encontros registrados até agora. O aumento da presença de Palmeira na agenda presidencial ocorre no momento em que o governo intensifica esforços para conter a queda de popularidade de Lula, que pela primeira vez registrou índice de desaprovação superior a 50%. 4o
Governo age para evitar nova crise envolvendo o Pix

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mobilizou sua equipe ministerial para conter uma nova crise de imagem relacionada ao Pix, após a divulgação de informações distorcidas sobre a nova instrução do Banco Central. O governo orientou seus integrantes a usarem as redes sociais para esclarecer a medida e produzir conteúdos explicativos para combater desinformação. Lula também deve gravar um vídeo para desmentir boatos que circulam em plataformas como X, Instagram e Facebook. A preocupação do Planalto surge após a recente polêmica envolvendo o Pix, quando fake news espalharam a falsa informação de que o serviço passaria a ser taxado, gerando forte reação popular. Desde quinta-feira (6), novas informações falsas passaram a circular, alegando que pessoas inadimplentes com a Receita Federal teriam suas chaves Pix canceladas. O Banco Central já esclareceu que a medida visa combater fraudes e não penalizar usuários com dívidas. As instituições financeiras só poderão excluir chaves Pix em casos comprovados de fraude, como o uso indevido do CPF de uma pessoa falecida. A norma estabelece quatro situações para a exclusão de uma chave vinculada a um CPF ou CNPJ: problemas cadastrais, duplicidade ou decisão judicial, documentos considerados nulos por fraude e registros de falecimento. O governo também avalia o impacto político da desinformação. Segundo a última pesquisa Genial/Quaest, a polêmica envolvendo o Pix foi um dos fatores que contribuíram para a queda da popularidade de Lula entre a população de baixa renda.
Governo reduz imposto de importação para carne e outros alimentos

O governo federal anunciou nesta quinta-feira (6) um conjunto de ações para tentar frear a escalada dos preços dos alimentos, que vem gerando preocupação entre consumidores e afetando a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre as iniciativas, está a redução a zero das alíquotas de importação de diversos produtos. A medida, que ainda precisa de aprovação da Câmara de Comércio Exterior (Camex), prevê a isenção para itens como carne (atualmente taxada em 10,8%), café (9%), açúcar (14%) e milho (7,2%). Outros produtos incluídos na lista são óleo de girassol (9%), azeite de oliva (9%), sardinha (32%), biscoitos (16,2%) e massas alimentícias (14,4%). O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que a decisão será oficializada nos próximos dias, após o envio da nota técnica à Camex. Segundo ele, o objetivo é aliviar o custo dos alimentos para a população, estimular o comércio e fortalecer a economia. “O governo está abrindo mão de imposto para favorecer a redução de preço”, explicou. Além da isenção tributária, o pacote inclui medidas como o fortalecimento dos estoques reguladores da Conab para garantir estabilidade na oferta de produtos, incentivos ao financiamento da produção de itens da cesta básica por meio do novo Plano Safra e mudanças regulatórias para acelerar a implantação do sistema sanitário municipalizado. A expectativa é que essas ações ampliem o controle de qualidade e a circulação de alimentos como leite, ovos e mel em todo o país.
Retirada dos EUA do Acordo de Paris abre caminho para nova liderança climática

A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, anunciada pelo então presidente Donald Trump, pode representar uma oportunidade para outras nações assumirem papel de destaque na agenda climática global. A CEO da COP30, Ana Toni, avalia que países como o Brasil têm a chance de ocupar espaços estratégicos no processo de descarbonização da economia mundial. Em entrevista, Toni reconheceu que a decisão norte-americana traz impactos negativos, uma vez que os EUA são a maior economia do planeta e historicamente o país que mais contribuiu para a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, o movimento de Trump pode incentivar outras nações com baixo compromisso ambiental a adotarem posturas semelhantes. Apesar disso, ela acredita que o boicote promovido por Washington poderá abrir caminho para empresas estrangeiras assumirem os espaços deixados tanto pelo governo dos EUA quanto por companhias americanas. Nesse cenário, a realização da COP30 em Belém ganha relevância. Para Ana Toni, o evento será essencial para fortalecer a cooperação internacional no combate às mudanças climáticas e deixar um legado duradouro para o Brasil, o Pará e a comunidade global.
Moraes envia à PGR defesas de acusados de golpe de estado

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) as contestações das defesas dos acusados pela tentativa de golpe de Estado. A partir de segunda-feira, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, terá cinco dias para se manifestar, com o prazo se estendendo até sexta-feira. Após isso, o caso estará pronto para julgamento, previsto para ocorrer ainda em março, conforme fontes do Supremo. A data da análise do caso na Primeira Turma do STF será determinada pelo ministro Cristiano Zanin, presidente do colegiado. A expectativa é de que, assim que Moraes liberar o processo, ele seja pautado. O chamado “núcleo 1” da denúncia da PGR é considerado o “núcleo crucial da organização criminosa” que, segundo Gonet, planejava dar um golpe de Estado em 2022. Entre os acusados nesse núcleo estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e os ex-ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres (Justiça) e Augusto Heleno (GSI). Também foram acusados o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Cid fez acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) e foi essencial para o avanço das investigações. Se condenado, ele deve ter acesso a benefícios firmados na delação. Além disso, Moraes já enviou à PGR as defesas do chamado Núcleo 3 da investigação, composto por: Bernardo Correa Netto, coronel preso na operação Tempus Veritatis da Polícia Federal; Cleverson Ney, coronel da reserva e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres; Estevam Theophilo, general da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército; Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército, supostamente envolvido com carta de teor golpista; Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército; Márcio Nunes de Resende Júnior, coronel do Exército; Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército; Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel e integrante do grupo “kids pretos”; Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel do Exército; Ronald Ferreira de Araújo Junior, tenente-coronel do Exército acusado de participar de discussões sobre minuta golpista; Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel; Wladimir Matos Soares, agente da PF. A próxima etapa do processo depende da manifestação da PGR e do agendamento da sessão pela Primeira Turma do STF.