Glauber Braga encerra greve de fome após acordo com Motta

Deputado protestava contra processo de cassação; acordo garante tempo para defesa na CCJ e evita votação imediata

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) encerrou na útima quinta-feira (17) sua greve de fome, iniciada há oito dias. A decisão veio após um acordo firmado com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O parlamentar protestava contra o processo de cassação de seu mandato, aprovado pelo Conselho de Ética.

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Acordo garante tempo para defesa

Segundo os termos do acordo, intermediado pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e pelo líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ), a cassação não será pautada no plenário antes de 60 dias. Isso só ocorrerá caso a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) rejeite o recurso da defesa. A medida assegura tempo hábil para que Glauber se articule politicamente e apresente argumentos consistentes.

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Glauber Braga encerra greve após oito dias no plenário

Desde o dia 9 de abril, Glauber estava acampado no plenário onde ocorrem as sessões do Conselho de Ética. Durante a greve, ele se alimentou apenas com água, soro e isotônicos. Sua equipe médica monitorou a saúde do deputado diariamente. Em oito dias, ele perdeu mais de 4,6 kg. Agora, passará por um processo de readaptação alimentar supervisionado.

Motivo do protesto

O processo de cassação teve origem em um episódio ocorrido em abril de 2024. Glauber é acusado de agredir o militante Gabriel Costenaro, do Movimento Brasil Livre (MBL), com empurrões e chutes. O militante havia ofendido a mãe do deputado, Saudade Braga, ex-prefeita de Nova Friburgo, que na época estava internada em estado grave. Glauber classificou a provocação como covarde e insuportável.

Acusações de interferência política

O deputado alegou que o processo foi conduzido com pressa e sofreu influência política do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Os dois mantêm uma rivalidade antiga, intensificada ao longo de 2024. Glauber afirma que Lira usou sua influência para acelerar o andamento do caso. Lira, por sua vez, nega qualquer interferência no julgamento.

Reação política e apoio institucional

Durante a greve, Glauber recebeu apoio de ministros do governo Lula, parlamentares da base aliada, sindicalistas e movimentos sociais. Músicos também organizaram uma roda de samba em sua homenagem na área externa da Câmara. O PSOL e o PT consideram o processo uma retaliação política pelas denúncias feitas pelo partido contra o orçamento secreto no STF.

Glauber continua mobilizado

Embora tenha encerrado a greve, o deputado segue mobilizado contra o que considera uma tentativa de silenciar vozes críticas no Congresso. A defesa ainda trabalha com duas frentes: reverter a decisão na CCJ ou impedir que a matéria avance para o plenário. Para a cassação se concretizar, são necessários 257 votos favoráveis.