Decisão permite uso livre de custas e emolumentos
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, que as receitas próprias do Judiciário estão fora do limite de despesas estabelecido pelo novo arcabouço fiscal. A decisão, tomada em sessão virtual encerrada em 11 de abril.
Ficam fora do teto valores arrecadados com custas processuais, emolumentos, multas e fundos especiais voltados ao custeio de serviços específicos da Justiça. Esses recursos, por não dependerem do orçamento da União, poderão ser usados com mais liberdade pelos tribunais federais.

Julgamento unânime
O julgamento teve como base a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7641, apresentada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). A entidade argumentou que, assim como universidades e empresas públicas, o Judiciário deveria ter suas receitas próprias excluídas do teto previsto na Lei Complementar 200/2023.
O relator, ministro Alexandre de Moraes, acolheu o pedido e destacou que o controle fiscal segue sendo um princípio para todos os Poderes. No entanto, Moraes ressaltou que limitar recursos vinculados a funções essenciais compromete a autonomia garantida pela Constituição.
“As receitas provenientes da União seguirão regidas pelo teto. Mas aquilo que o Judiciário angaria por iniciativa própria deve ser tratado de forma distinta”, afirmou Moraes.
Impacto orçamentário direto
Na prática, a decisão libera os tribunais da União para utilizar essas receitas em serviços, investimentos e valorização de pessoal. Ainda que muitos tribunais estaduais já contem com fundos especiais formalizados.
Segundo especialistas, a medida pode abrir caminho para ampliar auxílios, reestruturar carreiras e aumentar investimentos em obras e equipamentos.
Ganhos para os servidores
A decisão tem reflexos diretos sobre a pauta dos servidores do Judiciário. Estimativas indicam que a ampliação do auxílio-saúde, por exemplo, poderia ser viabilizada com essas receitas — um aumento de 8% custaria cerca de R$ 2,5 bilhões.
Além disso, projetos de reestruturação das carreiras, já em discussão, ganham fôlego com a nova margem orçamentária.
Autonomia como instrumento de valorização
A exclusão das receitas próprias do Judiciário do teto fiscal fortalece a independência da Justiça e recoloca os servidores no centro da política orçamentária. Com a sinalização do STF, o Judiciário tem agora a responsabilidade de transformar essa vitória jurídica em conquistas concretas.