Pequim anuncia retaliação a sobretaxas de Trump e denuncia escalada "imprudente" na OMC
Pequim responde com força às tarifas americanas
A China decidiu endurecer o jogo na guerra comercial. Nesta quarta-feira (9), o governo anunciou tarifas de 84% sobre produtos dos Estados Unidos, com início já nesta quinta-feira (10). A medida amplia a tensão entre os dois países e representa a resposta mais contundente de Pequim às ações de Donald Trump.
Na véspera, os EUA impuseram tarifas adicionais sobre bens chineses, elevando a carga total para até 104%. Desde fevereiro, a Casa Branca vinha escalando as taxas — de 20%, passou para 34% e, agora, somou mais 50%. Diante disso, a China impõe tarifas pesadas como retaliação direta.

China se antecipa e alerta para riscos na OMC
Horas antes do anúncio, a China já havia feito um alerta formal à Organização Mundial do Comércio (OMC). Em nota dura, o governo classificou as ações de Washington como “perigosas” e “imprudentes”. “Como um dos países atingidos, a China expressa sua firme oposição”, disse o comunicado.
Banco central age para proteger o iuan
O impacto da guerra comercial também chegou ao mercado financeiro. Para conter a pressão sobre o iuan, o Banco Popular da China orientou os grandes bancos estatais a reduzirem a compra de dólares. A ideia é frear a desvalorização da moeda chinesa, que vem sofrendo com a instabilidade.
Além disso, essas instituições foram instruídas a intensificar a fiscalização das operações cambiais. O objetivo: limitar a especulação e evitar fuga de capitais. A movimentação ocorre após o dólar disparar com as novas tarifas americanas.

Pequim promete resistir: “Lutaremos até o fim”
A retaliação de Pequim não se resume às taxas. O governo chinês deixou claro que não aceitará o que chama de “chantagem tarifária”. Em nota divulgada nesta terça-feira, a liderança afirmou que está preparada para enfrentar os EUA “até o fim”, se necessário.
Com as novas alíquotas, praticamente todos os bens americanos que entram na China passarão a ser taxados. A frase-chave China impõe tarifas resume o novo cenário: uma guerra econômica aberta e de longa duração.
Trump se defende e enfrenta críticas internas
Mesmo sob forte oposição, Trump sustenta sua política agressiva. O presidente americano argumenta que as sobretaxas estão “fortalecendo a economia” e atraindo outros países para negociações. “Sei o que estou fazendo”, afirmou durante um discurso a aliados.
No entanto, congressistas — inclusive do Partido Republicano — criticam os efeitos da guerra comercial. Estima-se que as famílias americanas perderão, em média, US$ 3.800 neste ano devido ao aumento nos preços. As tarifas também afetam setores como vestuário, alimentos e manufaturados.
Europa entra na disputa com medidas próprias
A China não está sozinha. Também nesta quarta, a União Europeia aprovou um pacote de tarifas contra os EUA, avaliadas em € 21 bilhões. Os alvos incluem soja, frango, motocicletas e outros produtos. As sobretaxas variam entre 10% e 25%, e entram em vigor entre abril e dezembro.
Segundo a Comissão Europeia, as ações americanas prejudicam a economia global. Um novo conjunto de medidas já está em análise em resposta às tarifas aplicadas sobre exportações de metais e veículos do bloco europeu.