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Autoridades russas e americanas se reuniram a portas fechadas na Arábia Saudita nesta segunda-feira para discutir um cessar-fogo parcial na Ucrânia. O principal objetivo é interromper ataques contra instalações de energia e navios no Mar Negro. Horas antes, delegações dos Estados Unidos e da Ucrânia já haviam realizado uma rodada de negociações. Outro encontro entre Washington e Kiev deve ocorrer nos próximos dias.
Inicialmente, os EUA planejavam conduzir uma diplomacia de “shuttle”, alternando entre as delegações russas e ucranianas para avançar nas negociações simultaneamente. No entanto, as discussões passaram a ocorrer de forma separada. No domingo, o ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, descreveu a reunião com os americanos como “produtiva e focada”, destacando que pontos estratégicos foram debatidos.
Rússia busca concessões antes de aceitar acordo
Enquanto a Ucrânia se mostra disposta a uma trégua completa, o presidente russo, Vladimir Putin, exige amplas concessões antes de qualquer acordo. Para analistas, Moscou vê a possibilidade de um cessar-fogo como uma oportunidade para obter vantagens geopolíticas e econômicas, especialmente diante do interesse de Donald Trump em encerrar o conflito.
Em conferências recentes, diplomatas russos reforçaram que Moscou separa as negociações sobre a guerra das relações com Washington. Para Putin, uma aproximação com os EUA pode trazer benefícios como a retomada do comércio de peças de aeronaves e a redução da presença da Otan na Europa. Mesmo sem um cessar-fogo imediato, o Kremlin acredita que engajar-se nas negociações pode render ganhos estratégicos.
Vyacheslav Nikonov, vice-presidente do comitê de relações exteriores do Parlamento russo, afirmou que Putin considera as relações com os EUA mais importantes do que a questão da Ucrânia. Segundo especialistas, o Kremlin aposta que Trump pode flexibilizar sanções e permitir exportações estratégicas para a Rússia. O desafio, no entanto, é saber se o ex-presidente americano usará essa expectativa como barganha ou desistirá caso as negociações se arrastem.
Acusações marcam anúncio de cessar-fogo parcial
Na quarta-feira, após conversas entre Trump, Zelensky e Putin, Rússia e Ucrânia concordaram com um cessar-fogo limitado. No entanto, rapidamente surgiram divergências. A Casa Branca afirmou que o acordo protegeria infraestrutura energética e instalações críticas, enquanto o Kremlin insistiu que apenas instalações de energia estavam incluídas.
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, defendeu a ampliação da trégua para incluir ferrovias e portos, garantindo maior segurança logística. Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reforçou que o acordo vale apenas para infraestruturas energéticas e acusou Kiev de violá-lo ao bombardear uma estação de gás na Rússia. A Ucrânia negou e responsabilizou os próprios militares russos pelo ataque.
Apesar do avanço nas negociações, a guerra segue intensa. No sábado, um ataque russo com drones matou pelo menos sete pessoas na Ucrânia, incluindo uma criança de cinco anos. Em resposta, Zelensky criticou Moscou e afirmou que Putin precisa ser pressionado a parar os ataques.
Rússia mantém demandas e busca influência
Putin segue irredutível em suas exigências. Entre as principais condições para um acordo duradouro, Moscou quer garantias de que a Ucrânia nunca entrará na Otan, além de uma redução da presença ocidental na região e restrições ao poder militar ucraniano.
Para o Kremlin, a negociação vai além da guerra. Moscou busca um acordo que redefina suas relações com os EUA e a Otan. Segundo Feodor Voitolovsky, conselheiro do Ministério das Relações Exteriores russo, um entendimento entre os países poderia resultar em maior estabilidade global e no reconhecimento de áreas de influência da Rússia.
A economia também pesa. O governo russo deseja flexibilizar sanções, destravar negócios estratégicos e permitir a importação de peças para aviões comerciais, um setor duramente afetado desde o início da guerra. Alguns diplomatas russos acreditam que Trump, como empresário, pode enxergar essas concessões como uma oportunidade de negócios.
Perspectivas para um acordo
As conversas seguem sem um desfecho claro. Embora a Rússia veja vantagem em se aproximar dos EUA, Putin não demonstra pressa em firmar um cessar-fogo. Já Trump, conhecido por buscar soluções rápidas, pode perder o interesse se perceber que as negociações se arrastam.
Com interesses divergentes e trocas de acusações constantes, o futuro do conflito ainda é incerto. No entanto, as pressões internacionais continuam aumentando para que Rússia e Ucrânia encontrem um caminho para a paz.