Haddad cobrou uma resposta dura do Estado e classificou o episódio como um escândalo que exige punição exemplar
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não poupou palavras ao comentar o esquema de fraudes bilionárias revelado no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nos últimos dias. Para o titular da pasta econômica, a gravidade dos crimes investigados pela Polícia Federal é tamanha que “enojou o país inteiro”. A declaração foi feita em entrevista ao Portal UOL.

A fala ocorre no rastro da Operação Falso Egide, deflagrada pela Polícia Federal há duas semana em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e o próprio INSS. A investigação revelou a existência de um esquema de concessão fraudulenta de benefícios por incapacidade, com a participação de servidores públicos que cobravam propina para liberar os auxílios. Segundo os investigadores, o rombo causado aos cofres públicos pode ultrapassar R$ 1 bilhão.
O ministro também lamentou que práticas como essa ainda ocorram dentro de instituições fundamentais do Estado. “É um escândalo mesmo. O que tem de mais sagrado é a pessoa trabalhar a vida inteira e depois conseguir a sua aposentadoria, a sua pensão dignamente. Uma pessoa focar nesse público para levar vantagem? A partir de um crime? É uma coisa indigna num grau, realmente acho que enojou o país inteiro. Eu desejo e acredito que isso vá acontecer, que essas pessoas vão ser presas e vão cumprir uma pena que, a meu ver, deve ser exemplar”, acrescentou.
Segundo as autoridades, a investigação teve início após denúncias internas e cruzamento de dados do sistema previdenciário. Os benefícios por incapacidade – como aposentadorias por invalidez e auxílios-doença – estavam sendo concedidos com base em laudos médicos forjados ou emitidos com a anuência de servidores que integravam o esquema.
Operação resultou na queda de ministro
A operação cumpriu 47 mandados de busca e apreensão em 11 estados e no Distrito Federal. Foram identificados indícios de participação de médicos peritos, servidores administrativos do INSS e intermediários que atuavam como atravessadores entre os beneficiários fraudulentos e os agentes públicos.
A repercussão no meio político foi imediata e levou a demissão do então ministro da Previdência, Carlos Lupi. O caso já é visto como um fator acirrador para os debates sobre a reforma administrativa e a necessidade de modernização dos mecanismos de controle no serviço público.
Para Haddad, a fraude é um golpe duplo: contra o erário e contra o cidadão comum que contribui com o INSS e depende do sistema. “Nós temos que fazer um balanço do que efetivamente não foi autorizado, porque o desconto autorizando está OK. Nós temos que saber exatamente o valor da fraude e temos que saber se os valores bloqueados das associações pagam a fraude”, concluiu.
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