Desaprovação entre jovens chega a 64%; 56% acham que país está no caminho errado. Veja os números completos.
A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (2), revela um cenário preocupante para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pela primeira vez desde o início do mandato, a desaprovação superou a marca dos 50%, atingindo 56% da população, enquanto a aprovação caiu para 41%. Os números representam uma queda de seis pontos percentuais na avaliação positiva em relação a janeiro, quando o índice era de 47%, e um aumento de sete pontos na rejeição, que antes estava em 49%.
O levantamento, realizado com 2.004 entrevistas presenciais entre os dias 27 e 31 de março, aponta que o descontentamento se espalha por todas as regiões do país. O Nordeste, tradicional reduto petista, ainda mantém aprovação positiva (52%), mas registrou queda significativa em relação aos 59% de janeiro. Nas demais regiões, a insatisfação é majoritária: 60% no Sudeste, 64% no Sul e 52% no Norte e Centro-Oeste combinados.
Jovens lideram rejeição
Um dos dados mais alarmantes da pesquisa é o crescimento da desaprovação entre os jovens de 16 a 34 anos, que chegou a 64%, um salto de 12 pontos percentuais em apenas dois meses. Nessa faixa etária, a aprovação caiu de 45% para 33% no mesmo período. Especialistas atribuem o fenômeno à frustração com a falta de políticas específicas para geração de emprego e renda, além do desmonte de programas educacionais.
Entre as mulheres, a desaprovação subiu quatro pontos, de 49% para 53%, enquanto entre os homens o índice é ainda maior: 59%. Os idosos (60 anos ou mais) são o único grupo etário que ainda mantém avaliação positiva do governo, com 50% de aprovação.
Crise econômica e desgaste político
A deterioração da imagem governamental ocorre em um contexto de estagnação econômica percebida pela população. Apesar dos indicadores macroeconômicos favoráveis, como o controle da inflação, 56% dos brasileiros acreditam que o país está no caminho errado – um aumento de seis pontos desde janeiro.
No plano político, os constantes atritos com o Congresso e o Judiciário, somados às crises ministeriais, contribuíram para o desgaste da imagem presidencial. A dificuldade em avançar com a agenda prioritária no Legislativo e as denúncias de irregularidades envolvendo aliados completam o cenário de crise.
Reação do Planalto
Diante dos números alarmantes, o Palácio do Planalto busca estratégias para reverter o quadro. A aceleração do “Novo PAC”, com anúncio de obras em diversas regiões, e a promessa de novos programas sociais aparecem como tentativas de reconquistar o apoio popular.
Analistas políticos destacam que o governo precisa urgentemente reconectar-se com sua base eleitoral, especialmente com os jovens e as classes média e baixa, que foram decisivos para a vitória em 2022. Com as eleições municipais se aproximando, a capacidade de reação do governo Lula será testada nos próximos meses.
O cenário atual contrasta com o início do terceiro mandato de Lula em 2003, quando o petista registrava 53% de aprovação no 15º mês de governo. A comparação com outros presidentes no mesmo período – Dilma Rousseff (58% em 2011) e Jair Bolsonaro (37% em 2020) – mostra a dimensão do desafio que se apresenta ao atual ocupante do Palácio do Planalto.