Elon Musk deixa governo Trump após criticar pacote bilionário de gastos

Republicanos tevem que saída do bilionário desgate imagem de austeridade do governo

O bilionário Elon Musk anunciou sua saída do governo Donald Trump nesta terça-feira (28), um dia depois de criticar duramente uma proposta legislativa do presidente republicano. O rompimento veio após Musk classificar o projeto como um “gasto massivo” que contradiz o discurso de contenção de despesas públicas.

Elon Musk anunciou oficialmente que está fora do governo Trump nos Estados Unidos (Foto: Reutters)

Musk vinha atuando informalmente como uma espécie de conselheiro de Trump para questões de eficiência governamental. Ele liderava uma iniciativa chamada “Department of Government Efficiency” (o simbólico acrônimo DOGE, em referência à criptomoeda meme) que, segundo ele, tinha como missão reduzir os desperdícios do governo federal dos Estados Unidos.

A gota d’água, no entanto, foi a proposta batizada de “One Big Beautiful Bill Act”, uma espécie de megapacote legislativo que propõe restaurar os cortes de impostos aprovados no primeiro governo Trump, ao mesmo tempo em que amplia os investimentos em defesa, segurança de fronteira e outras áreas de interesse da base republicana.

Para Musk, a medida não apenas vai contra a ideia de enxugar o Estado, mas também enfraquece a narrativa de responsabilidade fiscal que vinha sendo construída com sua participação no governo. “É um projeto de gastos massivos. Isso não ajuda a reduzir o déficit, apenas o agrava. Isso torna o trabalho do DOGE impossível”, escreveu ele na rede X (antigo Twitter), que é de sua propriedade.

O bilionário também fez questão de agradecer a Trump pela confiança e disse acreditar que os princípios da eficiência e do corte de desperdícios “continuarão a crescer com o tempo”. A declaração, apesar de diplomática, encerra de forma tensa uma relação que já vinha oscilando entre colaboração e divergência pública desde o primeiro mandato do republicano.

Musk havia aceitado o convite para atuar no grupo de transição de Trump no fim de 2024, pouco depois das eleições presidenciais. O cargo não era oficial nem remunerado, mas sua influência no governo era evidente, tanto pela proximidade com a equipe econômica quanto pela projeção de suas ideias nas redes e na imprensa.

Durante os meses em que esteve à frente da agenda de cortes, Musk propôs uma série de medidas para reduzir o tamanho do governo federal. Algumas foram colocadas em prática, como fusões de departamentos e enxugamento de cargos comissionados. Outras geraram forte resistência dentro da própria máquina pública, especialmente entre servidores e parlamentares democratas.

Segundo o próprio Musk, o programa que ele comandava conseguiu reduzir cerca de US$ 150 bilhões em gastos, uma cifra expressiva, mas ainda longe da meta original de US$ 2 trilhões anunciada com pompa no fim do ano passado. Ao longo do processo, vários órgãos federais relataram queda na capacidade de atendimento e abriram litígios para barrar cortes mais agressivos.

Tesla será prioridade de Musk

A decisão de deixar o governo Trump também acontece em um momento delicado para os negócios de Musk. A Tesla, sua principal empresa, viu os lucros despencarem 71% no primeiro trimestre de 2025, e acionistas vêm pressionando o executivo a voltar seu foco integralmente para o setor privado. Além da montadora, ele ainda comanda a SpaceX, a rede social X, a Neuralink e outras iniciativas ambiciosas que demandam atenção constante.

A relação entre Musk e Trump já havia enfrentado altos e baixos no passado. Durante o governo anterior, Musk chegou a deixar conselhos de inovação após a retirada dos EUA do Acordo de Paris, mas depois se reaproximou do campo conservador e passou a criticar políticas democratas.

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