Carlos Lupi pede demissão do Ministério da Previdência após escândalo bilionário no INSS

Número 2 da pasta deve assumir o cargo provisoriamente, segundo Palácio do Planalto

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), entregou seu pedido de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (2), em meio à crise provocada por um escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que resultou em prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos.

Carlos Lupi estava no Ministério da Previdência Social desde o início do terceiro mandato de Lula, em 2023 (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
Carlos Lupi estava no Ministério da Previdência Social desde o início do terceiro mandato de Lula, em 2023 (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Em uma rede social, Lupi agradeceu ao presidente Lula e destacou que seu nome nunca foi citado nas investigações.

“Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade. Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS. Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula. Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para prejudicar o povo trabalhador.”

Assim que Lupi entregou sua demissão, o Governo Federal divulgou nota confirmando a saída do pedetista do comando da Previdência e destacando que Lula já convidou o ex-deputado federal Wolney Queiroz (PDT) para ser substituto.

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na tarde desta sexta-feira, 2 de maio, o pedido de demissão do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, durante audiência no Palácio do Planalto. O presidente convidou o ex-deputado federal Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da Previdência, para ocupar o cargo de ministro. A exoneração de Lupi e a nomeação de Wolney serão publicadas ainda hoje em edição extra do Diário Oficial da União”, diz o comunicado.

Entenda a investigação que levou à demissão de Lupi

A operação “Sem Desconto”, deflagrada pela Polícia Federal em abril de 2025, revelou um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões, realizados sem autorização dos beneficiários. A investigação apontou que entidades e sindicatos recebiam mensalidades associativas diretamente dos benefícios previdenciários, sem consentimento dos aposentados e pensionistas. Estima-se que mais de R$ 6 bilhões foram desviados entre 2019 e 2024.

A operação resultou no cumprimento de 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal, além de seis mandados de prisão temporária. O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, foi afastado do cargo.

O escândalo gerou intensa pressão política sobre Lupi. O Palácio do Planalto cobrou explicações do ministro, especialmente pelo fato de Stefanutto ter sido sua indicação direta. Lupi admitiu ter sido alertado sobre irregularidades, mas negou responsabilidade direta. Apesar disso, a gravidade das denúncias e a magnitude do prejuízo colocaram sua permanência no cargo em xeque.

Parlamentares do Partido dos Trabalhadores  também pressionaram pela saída de Lupi, argumentando que a gestão anterior, durante o governo de Jair Bolsonaro, havia multiplicado os convênios suspeitos. No entanto, a responsabilidade pela supervisão e fiscalização do INSS recai sobre o Ministério da Previdência, liderado por Lupi desde o início do atual governo.

Histórico de Carlos Lupi

Carlos Lupi é uma figura conhecida na política brasileira. Presidente nacional do PDT, já ocupou o cargo de ministro do Trabalho e Emprego nos governos Lula e Dilma Rousseff. Em 2011, deixou o ministério sob acusações de irregularidades, que sempre negou. Sua trajetória é marcada por uma atuação voltada para as questões sociais e trabalhistas.

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