Banco Central eleva juros para 14,25% ao ano: maior patamar desde 2016

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, nesta quarta-feira (19), um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, elevando-a para 14,25% ao ano. A decisão, tomada de forma unânime, coloca os juros no nível mais alto desde agosto de 2016.

Alta Já Era Prevista pelo Mercado

O novo reajuste mantém a trajetória de aperto monetário iniciada há cinco reuniões e segue as diretrizes estabelecidas pelo próprio Copom em dezembro. Naquela ocasião, o Banco Central já havia indicado que os juros subiriam gradualmente, conforme aconteceu em janeiro (13,25%) e agora em março (14,25%).

Entre agosto de 2023 e maio do ano passado, o Banco Central reduziu os juros até alcançar 10,5%. No entanto, em setembro, voltou a elevar a Selic ao perceber pressões inflacionárias persistentes e aumento da incerteza econômica.

Perspectivas para os Próximos Meses

O Copom já antecipou que pode realizar novos aumentos na Selic, embora em uma intensidade menor. A decisão dependerá da evolução dos indicadores econômicos, especialmente da inflação e das expectativas do mercado.

Fatores que Influenciaram a Decisão

Cenário Internacional

O Banco Central citou incertezas externas, principalmente em relação à política econômica dos Estados Unidos. A autoridade monetária destacou preocupações sobre possíveis impactos das medidas comerciais de Donald Trump, que podem influenciar o câmbio e pressionar a inflação brasileira.

Cenário Doméstico

No Brasil, a inflação segue elevada e acima da meta. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou fevereiro com um salto de 1,31%, a maior variação para o mês desde 2003. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada atingiu 5,06%, ultrapassando os 4,56% registrados no período anterior.

Além disso, o mercado teme os impactos das recentes medidas do governo federal para estimular o consumo, como a liberação do saque-aniversário do FGTS e a ampliação do crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada. Essas ações podem aquecer a economia no curto prazo, mas aumentam a preocupação com o equilíbrio fiscal.

Conclusão

A elevação da Selic reflete o esforço do Banco Central para conter a inflação e alinhar as expectativas do mercado. No entanto, juros mais altos encarecem o crédito e podem desacelerar a economia. Para os próximos meses, o cenário seguirá dependente de fatores internos e externos, exigindo atenção às movimentações do governo e às políticas econômicas globais.

 

 

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