histórico do parlamentar de 1º mandato inclui falas polêmicas e suspeita de favorecimento
O vereador André Montemezzo (Podemos), do município de Guaratuba, no Litoral do Paraná, está no centro de uma série de polêmicas que têm abalado sua imagem pública e mobilizado a opinião popular da cidade. O episódio mais recente envolve uma grave acusação: ele teria ofendido verbalmente uma mãe enlutada durante o sepultamento de seu filho, morto após uma suposta falha no atendimento do serviço de urgência local. O caso gerou grande repercussão nas redes sociais e acendeu novamente o debate sobre o comportamento do parlamentar, que já havia protagonizado outros momentos polêmicos desde o início de seu mandato.

O caso aconteceu na última terça-feira (7), durante o sepultamento de Fernando de Souza, jovem de 23 anos que morreu após um episódio de possível negligência no socorro por parte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). A mãe do rapaz, Josiane Amaral de Souza, afirma que, além de lidar com a dor da perda, foi verbalmente atacada pelo vereador André Montemezzo durante o próprio velório.
Em entrevista à imprensa local, Josiane relatou: “Me chamou de safada, de sem-vergonha. Ele falou que eu não tinha que ficar postando nada, que eu não era para ter falado dele.” Segundo ela, a situação ocorreu em frente à sua residência, em meio a familiares e amigos, enquanto o velório ainda acontecia. A mãe havia feito postagens em redes sociais cobrando providências do poder público e questionando a atuação do SAMU, o que teria motivado o confronto.
A denúncia repercutiu fortemente nos grupos de WhatsApp e nas redes sociais locais. Vídeos e áudios gravados durante a confusão passaram a circular entre moradores, gerando manifestações de solidariedade à família e críticas ao comportamento do vereador. Em resposta, Montemezzo se defendeu publicamente: “Isso é invenção da Rádio Litorânea. Eu nem sei quem é essa mulher. Estão distorcendo os fatos para me atacar”, escreveu em suas redes sociais.
Josiane informou que pretende registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) contra o vereador.
Outras controvérsias: críticas ao hospital e jargões no plenário
O comportamento polêmico de André Montemezzo já havia ganhado atenção anteriormente. Em fevereiro deste ano, o vereador utilizou a tribuna da Câmara Municipal de Guaratuba para atacar o Hospital Regional do Litoral, localizado na cidade vizinha de Paranaguá. Na ocasião, ele afirmou: “Tem lugar ali que é pior que um açougue. As pessoas entram e não sabem se vão sair vivas.”
A fala gerou reações imediatas. Profissionais de saúde da região repudiaram a declaração, considerando-a ofensiva e desrespeitosa com quem trabalha sob condições adversas. Na própria Câmara, o vereador Márcio Tarran (PSD) saiu em defesa do hospital, relatando ter recebido atendimento adequado na unidade.
Além dos ataques verbais a instituições públicas, Montemezzo também tem sido criticado por suas intervenções durante sessões do legislativo municipal. Em diferentes ocasiões, usou termos considerados agressivos ou desrespeitosos por colegas e pelo público que acompanha os trabalhos da Câmara. Expressões como “isso aqui virou circo” e “tem vereador que só serve pra bater palma” foram ditas por ele no plenário e repercutiram negativamente nas redes sociais, levantando questionamentos sobre o respeito à liturgia do cargo e a convivência entre os parlamentares.
Vídeo sobre licitações levanta dúvidas sobre legalidade
Outro episódio que colocou o nome de Montemezzo em evidência envolve uma possível interferência em processos licitatórios da prefeitura. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o vereador afirma: “Tem que segurar esse dinheiro aqui em Guaratuba. Se deixar, São Paulo leva tudo”. A gravação, ainda disponível na internet, sugere que o parlamentar teria atuado para impedir a participação de empresas de fora do município em licitações locais.
Especialistas alertaram após o vídeo ser divulgado que qualquer tipo de direcionamento em processos licitatórios pode configurar violação aos princípios da legalidade, isonomia e concorrência previstos na Lei de Licitações e Contratos. O caso levantou preocupações sobre o uso do cargo público para favorecer interesses locais de forma irregular.
Câmara em silêncio e liderança de governo suspensa
Até o momento, a Câmara Municipal de Guaratuba não emitiu nota oficial sobre os episódios envolvendo o vereador. Apesar da mobilização popular em torno do caso mais recente, não houve manifestação pública da mesa diretora da Casa.
Por outro lado, a prefeitura municipal se posicionou. Segundo nota enviada ao Politiza, o vereador André Montemezzo foi retirado da função de líder de governo que exercia na Câmara. O prefeito Maurício Lense (Podemos), solicitou apuração das denúncias com garantia de ampla defesa e contraditório. Ainda não foi definido quem assumirá a liderança do governo no legislativo.
Nas redes sociais, moradores da cidade e movimentos sociais têm cobrado providências, incluindo o afastamento do vereador. A crise de imagem de Montemezzo, que já vinha se desenhando desde o início do ano, ganha agora um novo capítulo, com a acusação de agressão verbal em um momento de luto que chocou a comunidade local.
Nota do Cislipa: consórcio nega falha no atendimento
Diante da repercussão da morte de Fernando de Souza, o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (CISLIPA) divulgou uma nota oficial para rebater a acusação de omissão de socorro. Segundo o órgão, não há registros de chamadas solicitando atendimento para o caso entre 2h12 e 2h44 daquela madrugada, período apontado pela família como o momento da tentativa de socorro.
Confira um trecho da nota oficial divulgada pelo CISLIPA:
“Após análise minuciosa dos registros do sistema, foi confirmado que, no período citado – entre 2h12 e 2h44 –, não houve qualquer solicitação de atendimento originada de Guaratuba. Reitera-se que o único chamado registrado na cidade naquela noite foi às 21h04, proveniente do bairro Castelo Novo, para uma ocorrência de natureza clínica, sem qualquer relação com o caso em questão. […] Ressaltamos, com total responsabilidade, que o serviço de urgência 192 funcionou normalmente em todo o litoral durante o período mencionado, com o recebimento contínuo de ligações e sem qualquer interrupção no atendimento por queda de linha.”
O órgão também afirmou que os registros estão disponíveis para investigação pelas autoridades competentes.
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