Decisão ocorre após tarifa de Trump; ações da Boeing caem até 4,6% com nova crise comercial
A China proibiu a compra de jatos da Boeing por companhias aéreas nacionais. A medida vem após os EUA elevarem tarifas sobre produtos chineses para até 145%.
Fontes ouvidas pela Bloomberg revelaram que o governo chinês também suspendeu a compra de peças e equipamentos de empresas dos EUA. A ordem se aplica a todas as companhias aéreas do país.

Trump comenta rompimento de acordo
A decisão causou forte impacto no mercado. As ações da Boeing caíram até 4,6% no pré-mercado. Às 11h30, recuavam 1,81% na Bolsa de Nova York.
Donald Trump reagiu à medida em sua rede Truth Social. “Curiosamente, eles voltaram atrás no importante acordo com a Boeing”, escreveu. Segundo ele, a China rejeitou receber os aviões já contratados.
Tarifas tornam operação inviável
No último fim de semana, a China anunciou tarifas retaliatórias de 125% sobre produtos americanos. A compra de jatos da Boeing se tornou financeiramente inviável com os novos custos.
As tarifas dobram o preço de aeronaves e peças fabricadas nos EUA. Isso levou Pequim a suspender entregas e renegociar contratos.
Segundo a Bloomberg, o governo chinês avalia formas de ajudar companhias aéreas que arrendam jatos da Boeing e enfrentam aumento nos custos operacionais.
Aeronaves já prontas podem ser exceção
Apesar da proibição, parte dos jatos já finalizados poderá entrar na China. Isso depende da data de pagamento e da conclusão da papelada antes das tarifas entrarem em vigor.
Dados da Aviation Flights Group indicam que pelo menos dez Boeing 737 Max estavam prestes a entrar em operação em companhias chinesas, como China Southern, Air China e Xiamen Airlines.
Alguns jatos estão em Seattle, nos EUA. Outros aguardam entrega em Zhoushan, na China. Cada caso será analisado individualmente.
Tensão pressiona futuro da Boeing
A Boeing enfrenta dificuldades no mercado chinês desde 2019, quando o país suspendeu os voos com o 737 Max após dois acidentes fatais. De lá para cá, as tensões comerciais se intensificaram.
A compra de jatos da Boeing já vinha em queda. Desde 2018, a empresa não registra grandes pedidos da China. Enquanto isso, a europeia Airbus amplia sua participação, e o modelo chinês Comac C919 avança internamente.
Mesmo assim, centenas de jatos da Boeing ainda operam na China. Eles precisam de manutenção, peças e atualizações — o que mantém os laços técnicos entre as partes.

Escalada pode atingir cadeia global
A disputa ameaça as cadeias de suprimento globais. A Boeing alerta que novas tensões podem afetar a recuperação do setor aeronáutico, que só agora supera os impactos da pandemia.
O mercado chinês representa 20% da demanda global por aviões nos próximos 20 anos. Em 2018, quase 25% da produção da Boeing ia para a China.
Sem resolver o impasse, a fabricante americana pode perder ainda mais espaço em um de seus mercados mais estratégicos.