Sugestão busca aliviar pressão e evitar avanço de extremismos
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a construção de um acordo institucional para a redução das penas aplicadas a manifestantes dos atos de 2023. A proposta se restringe a quem participou das manifestações, sem envolvimento direto no planejamento dos ataques ao Estado Democrático de Direito.

Lula escuta, mas evita posicionamento
Segundo interlocutores do governo, Lula ouviu a proposta com atenção, porém não deu respostas claras. Ainda assim, o Palácio do Planalto entrou nas articulações políticas por meio da ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, e do advogado-geral da União, Jorge Messias.
A ideia, nos bastidores, é de que a medida possa demonstrar que o extremismo não oferece soluções reais. Assim, o governo sinalizaria um gesto de equilíbrio institucional, reforçando que busca “o bem do país” ao suavizar as punições.

Governo tenta conter avanço da anistia
A proposta surge em um momento de crescente pressão no Congresso pela votação do projeto de anistia. Nesta quinta-feira (10), o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou ter reunido as 257 assinaturas necessárias para colocar o pedido de urgência em votação no plenário.
A expectativa é que a articulação liderada por Hugo Motta possa aplacar essa pressão, apresentando uma alternativa à anistia ampla defendida por setores da oposição.
Papéis definidos no governo
No governo, a interlocução política sobre o tema ficou dividida. Gleisi Hoffmann atua junto ao Congresso, enquanto Jorge Messias conduz tratativas com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), onde há maior resistência à ideia de conciliação nos julgamentos.
Gleisi muda tom e depois recua
Gleisi chegou a adotar um tom mais flexível sobre o tema, após reuniões no Palácio da Alvorada. No entanto, voltou atrás nesta sexta-feira (11). Questionada por jornalistas, afirmou que é “plenamente defensável” discutir penas mais brandas para os participantes dos atos.
Logo após a repercussão, a ministra usou as redes sociais para esclarecer que a decisão final sobre a revisão das penas cabe exclusivamente ao STF.