Nova lei permite retaliações a tarifas como as impostas pelos EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta sexta-feira (11), a Lei de Reciprocidade, que autoriza o Brasil a retaliar países que adotarem sanções comerciais unilaterais contra o país. A medida foi aprovada pelo Congresso em resposta às recentes tarifas anunciadas pelos Estados Unidos.
A nova Lei de Reciprocidade entra em vigor sem vetos e com apoio tanto da base do governo quanto da oposição.

Medidas previstas na nova lei
A legislação dá respaldo jurídico para que o governo brasileiro:
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Aplique tarifas adicionais sobre produtos importados;
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Suspenda concessões comerciais;
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Deixe de cumprir obrigações relacionadas à propriedade intelectual previstas em acordos internacionais.
Segundo o texto, as medidas de retaliação deverão ser proporcionais ao impacto econômico causado por ações unilaterais de outros países ou blocos econômicos.
Consultas públicas e exceções
A implementação das medidas dependerá, em regra, de consultas públicas e de avaliações técnicas. O objetivo é permitir que setores afetados apresentem suas opiniões antes que o governo tome uma decisão definitiva.
Entretanto, a lei permite que o Poder Executivo adote contramedidas provisórias de forma imediata em casos excepcionais, sem necessidade de consulta prévia.
Contexto: tarifas dos EUA e reação brasileira
A sanção ocorre em meio ao chamado “tarifaço de Trump”, que elevou as tarifas de importação dos EUA sobre produtos de mais de 180 países. O Brasil foi incluído, mas com a menor tarifa geral: 10% sobre todos os produtos. Itens como aço e alumínio, no entanto, já enfrentam taxas próprias de 25%.
Até agora, o governo brasileiro não anunciou nenhuma medida concreta de retaliação contra os EUA. Lula afirmou que ainda prefere insistir no diálogo, conduzido pelos ministérios das Relações Exteriores e da Indústria, Comércio e Serviços.
Brasil antes da nova lei
Antes da aprovação da Lei de Reciprocidade, o Brasil seguia normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que impedem a aplicação de tarifas específicas contra países. Todas as medidas comerciais deveriam ser iguais para os membros da OMC, sem favorecimentos ou punições individuais.
Com a nova lei, o Brasil passa a ter instrumentos legais para reagir de forma autônoma e proporcional a práticas hostis, como barreiras comerciais unilaterais ou sanções econômicas.
Acordo político no Congresso
A votação da lei no Congresso uniu situação e oposição. Na semana passada, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pediu que os parlamentares colocassem de lado as diferenças políticas em defesa do interesse nacional. O apelo surtiu efeito e o projeto foi aprovado com ampla maioria.
A medida representa um marco na política comercial brasileira, abrindo espaço para respostas mais firmes em um cenário internacional cada vez mais protecionista.