Presidente critica protecionismo de Trump e defende livre comércio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, afirmando que o Brasil “respeita todos os países”, mas exige reciprocidade no comércio internacional. A declaração ocorreu nesta quinta-feira (3), durante o evento “Brasil Dando a Volta por Cima”, organizado pelo governo federal.
As medidas anunciadas pelo presidente Donald Trump incluem tarifas que variam de 10% a 50% sobre produtos importados e um aumento para 25% nas taxas aplicadas ao aço e alumínio brasileiros. Além disso, todos os carros fabricados fora dos Estados Unidos também passarão a ter uma tarifa extra de 25%.
A decisão gerou forte reação do governo brasileiro. Lula destacou que o país não aceitará medidas protecionistas sem resposta e que utilizará todos os instrumentos disponíveis para defender a economia nacional.
Brasil reage com lei da reciprocidade
A resposta do Brasil será baseada na lei da reciprocidade econômica, aprovada pelo Congresso Nacional na última quarta-feira (2). A nova legislação estabelece critérios para que o Brasil imponha restrições equivalentes a países que adotem barreiras comerciais contra produtos brasileiros.
Lula afirmou que todas as medidas cabíveis serão tomadas, levando em consideração as diretrizes da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Não podemos aceitar que nossos produtos sejam taxados sem qualquer justificativa. Se necessário, responderemos com medidas semelhantes”, declarou.
A lei aprovada pelo Congresso prevê que o Brasil pode aplicar regras equivalentes a países que dificultem sua competitividade internacional. O texto agora segue para sanção presidencial e deve ser regulamentado nos próximos meses.
Crítica ao protecionismo e comparação com governos anteriores
Durante o evento, Lula reforçou sua posição contrária ao protecionismo econômico e destacou que a medida adotada pelos Estados Unidos prejudica não apenas o Brasil, mas o comércio global. “O protecionismo não cabe mais no mundo moderno. Precisamos de relações comerciais justas, não de medidas unilaterais que afetam empregos e indústrias”, afirmou.
O presidente também elogiou o Congresso Nacional pela aprovação da lei e aproveitou para alfinetar gestões anteriores. “Quero agradecer aos deputados e senadores que têm nos ajudado a aprovar o maior número de projetos em dois anos. Teve presidente com ampla maioria que não conseguiu fazer isso”, declarou.
Impactos na economia e possível negociação
A imposição das tarifas americanas gera preocupação entre empresários brasileiros, principalmente no setor de metalurgia e automóveis, que será diretamente afetado. O governo ainda avalia se adotará medidas retaliatórias imediatas ou se buscará uma negociação direta com os Estados Unidos.
Apesar da postura firme, Lula já havia indicado anteriormente que não descarta um diálogo com Trump. Em visita ao Vietnã, dias antes do anúncio, o presidente afirmou que o Brasil está disposto a negociar para evitar sanções que prejudiquem a economia de ambos os países.
“Estamos abertos ao diálogo, mas precisamos de garantias de que seremos tratados com respeito e equidade”, disse Lula.
Enquanto isso, especialistas alertam que uma possível guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos pode trazer impactos de longo prazo para as exportações brasileiras. Setores estratégicos já pressionam o governo para buscar uma solução diplomática antes de adotar retaliações.